Aqui no blog já falamos sobre os sistemas políticos e seus modos de
produção e apontamos uma divisão do mundo entre países capitalistas e países
socialistas.
Vários países, durante o século XX,
tornaram-se socialistas. O primeiro deles, a Rússia, em 1917, fez a sua
Revolução Socialista e, posteriormente,em 1922, agregou-se a vários países
vizinhos, criando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com uma
área bastante extensa e de grandes riquezas naturais, além de uma indústria de
base de certo porte.
Por outro lado, os países capitalistas continuaram sua
marcha para a expansão cada vez maior do capitalismo.
Até a Segunda Guerra Mundial, os países que se destacavam
pelo poderio econômico eram os europeus; porém, até porque a Europa foi o
principal cenário da guerra, a maior parte deles acabou arrasada e precisando
se reestruturar. Dos países capitalistas ricos, aquele que me nos sofreu os
impactos da guerra foram os Estados Unidos – ao contrário, eles fortaleceram
sua posição, criando linhas de crédito tanto para a Europa quanto para o Japão.
Na verdade, ao final da guerra, dois países tinham enorme
poder econômico: Estados Unidos e União Soviética. Mais ainda: cada um deles
representava uma ideologia, eram antagônicos entre si e ambos lutavam pela
mundialização de seu modo de produção.
Esse é o contexto conhecido como Guerra Fria – a luta
política, ideológica, econômica e estratégica entre capitalistas, liderados
pelos Estados Unidos, e socialistas, liderados pela União Soviética.
Por outro lado, também apontamos que esse período histórico
começa a ser superado na década de 80.
O que aconteceu? Quais os fatores que produziram esse novo
momento? E quais suas consequências?
O mundo bipolar
Durante a Guerra Fria, que caracterizou o período do
pós-Segunda Guerra até o final da década de 80, o mundo viveu um período
conhecido como de bipolaridade, ou seja, as relações econômicas entre os países
do mundo estavam vinculadas a dois polos: o capitalismo e o socialismo.
Durante esse período, muitos acontecimentos estiveram
ligados à Guerra Fria: a Guerra do Vietnã, a instalação de mísseis nucleares
soviéticos em Cuba, a divisão entre Europa Ocidental e Europa Oriental, a
corrida armamentista nuclear, a corrida espacial, a formação da aliança militar
do Ocidente (Otan), a formação da aliança militar do leste (Pacto de Varsóvia)
etc.
De certa forma, todos os países, durante esse período, eram
envolvidos na “onda” da Guerra Fria. O próprio Brasil passou por um longo
período de ditadura militar (golpe de Estado dado pelos militares com total apoio
dos norte-americanos, em 1964), expressão do antagonismo em nosso país.
Essa luta ideológica (socialismo x capitalismo) durou até o
início dos anos 90. Particularmente, desde 1986, na União Soviética, uma
mudança na política econômica socialista (a perestroika, lembra-se?) passou a
orientar e a sugestionar outros países para que também mudassem.
As mudanças
Na União Soviética, a política do presidente Mikhail
Gorbatchov, conhecida como glasnost (transparência política) e perestroika
(reestruturação econômica), passou a conduzir a economia socialista no caminho
da economia de mercado (capitalista). Entre outras coisas, o governo soviético
passou a aceitar pequenas propriedades privadas, empréstimos do Banco Mundial e
do FMI e a entrada de multinacionais em seu território.
Todos esses passos conduziram, de forma rápida, o retorno do
capitalismo à União Soviética (bem como destruíram todas as conquistas do
processo revolucionário que levou a Rússia a formar o primeiro Estado operário
da história).
Um outro passo importante nesse sentido foi a desagregação
geopolítica da URSS. Em 1991, a então URSS começa a se esfacelar, já que as
Repúblicas que faziam parte dela reivindicam sua autonomia.
Formam, agora, 15 países, dos quais 12 se uniram
economicamente formando um bloco denominado CEI (Comunidade dos Estados
Independentes) – ficando de fora as três repúblicas bálticas: Letônia, Estônia
e Lituânia.
Portanto, nos anos 90, quando o mundo socialista sofreu esse
impacto, selou-se o fim da Guerra Fria e da bipolaridade, já que ela não se
sustentava mais.
No entanto, a economia mundial prossegue – o que significa
dizer que o mundo pós-Guerra Fria se reorganiza política e economicamente. Essa
reorganização passa a se chamar Nova Ordem Mundial.
A Nova Ordem Mundial
Então, dá para perceber que o mundo se tornou multipolar e o
que vale é a capacidade econômica dos países, ou seja, disponibilidade de
capitais, avanço tecnológico, qualificação de mão de obra, nível de
produtividade etc. Assim se caracteriza a Nova Ordem Mundial.
As relações econômicas entre os países têm se acentua do
para manter ou ganhar novos mercados e os competidores precisam garantir isso por
meio de acordos com seus parceiros comerciais – multiplicam-se os blocos
econômicos. Mais uma vez, são os países mais ricos que dividem o mundo
econômico entre si, graças a todas as dependências das economias mais frágeis.
Isso tudo tem significado também muito sacrifício por parte
dos trabalhadores de todo o mundo: o desemprego tem aumentado a níveis
alarmantes, as relações trabalhistas têm sofrido grandes golpes e surgem as
“novas” formas de relação com o trabalho.
São esses novos padrões de “poder” e influência no mundo que
explicam a emergência recente do Japão e da Alemanha à posição de grandes
potências e, ao mesmo tempo, a decadência da Rússia.
A China tem “luz própria”, ou seja, possui a maior população
do planeta e, portanto, um gigantesco mercado consumidor potencial: além de
numerosa mão de obra barata, oferece facilidades para atração de capitais
estrangeiros. Por isso, é a economia que mais cresce no mundo atualmente.
Assim, de longe, os países mais poderosos do mundo de hoje
são os EUA, Japão e a Alemanha, em torno dos quais vários outros países ainda
devem orbitar por muito tempo.
Um outro elemento que ganha expressão com esse pro cesso
multipolar são as crises mundiais próprias do capitalismo. Ou seja, com a
economia mundializada, a possibilidade de crise cresce.
Somente nesse período (pós-90), a crise do
capitalismo já atingiu o México, países do grupo dos Tigres Asiáticos, a
Rússia, o Japão e até o Brasil.
Execelente conteúdo Professor, parabens.
ResponderExcluirValeu. Força sempre, abraços.
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