A cultura do nosso país é uma mistura de hábitos e requintes de diversos povos. Foi assim desde o início quando portugueses, africanos e nativos dessas terras iniciaram a miscigenação de raças que resultou numa peça ímpar: o brasileiro.
Faz parte ainda da composição de nossa raça a mistura com italianos, com espanhóis, japoneses, árabes, alemães, holandeses e diversos outros povos que aqui acharam seu lugar no decorrer de nossa história.
Culinária
O tripé cultural armado sob a raça portuguesa, os indígenas nativos e o negro africano formam a base desse aspecto de nosso país, embora hoje seja possível notar influências de outros povos na alimentação diária da população.
Na carta escrita pelo escrivão da armada de Cabral, Pero Vaz Caminha, a D. Manuel, rei de Portugal na época do descobrimento, três passagens deixam claro como foi rápida e natural a aceitação do gosto dos portugueses pelos nativos:
“Deram-lhes comida: pão e peixe cozido, doces, bolos, mel e figos
passados. Não quiseram comer quase nada disso e, se alguma
coisa provavam, logo a cuspiam. Trouxeram-lhes vinho numa taça.
Mal o puseram na boca; não gostaram. Trouxeram-lhes água numa
caneca. Não beberam. Apenas bochechavam e logo a lançavam
fora.”
“Quando Sancho de Tovar se recolheu à nau, alguns queriam
acompanhá-lo. Mas ele só trouxe dois homens, bem constituídos e
maduros. Mandou que fossem muito bem tratados. Comeram toda a
comida que lhes deram.”
“Na quinta-feira, derradeiro dia de abril, comemos logo de manhã
cedo e fomos em terra para pegar mais lenha e água. E, querendo o
Capitão sair desta nau, chegou Sancho de Tovar com seus dois
hóspedes. E como ele ainda não tinha comido, prepararam-lhe a
mesa. Trouxeram-lhe comida e comeu. Os hóspedes sentaram-se
cada um em uma cadeira. E de tudo o que lhes deram comeram
muito bem, especialmente presunto cozido frio e arroz. Não lhes
deram vinho porque Sancho de Tovar disse que eles não gostavam.”
Note que além de apreciar a comida do povo europeu, os índios não demoraram a aprender hábitos, como o de se sentarem para comer.
Antes mesmo dos navios lusitanos ancorarem por aqui os índios já cultivam diversos alimentos e produziam bebidas. As frutas tinham uma enorme importância na alimentação indígena, além da caça e da pesca.
A maior herança dos costumes alimentares indígenas que temos em nossa cultura são os produtos derivados da mandioca. Os nativos também começaram a adaptar receitas estrangeiras aos ingredientes locais, transformando tradicionais receitas tanto do europeu quanto do africano.
Os africanos chegavam ao Brasil já possuindo um grande histórico alimentar em sua cultura. O azeite de dendê é uma das maiores contribuições para a culinária que nascia aqui, pois rapidamente tornou-se indispensável para uma grande quantidade de pratos que começavam a surgir.
A própria feijoada, “cartão-postal” do Brasil no mundo todo, é uma adaptação do negro as condições adversas da escravidão que com sobras de carnes confeccionaram um dos pratos típicos mais apreciados em todo o país.
Dos portugueses é imprescindível dizer que herdamos as técnicas de agricultura e criação de animais. Outro fator marcante de origem européia que está presente desde a origem do país é a fabricação de bebidas como o licor, fabricação de doces e conservas.
Música
Assim como na culinária, a música brasileira mistura elementos de várias culturas,
principalmente das três culturas formadoras: portugueses, nativos e africanos. Porém, se na culinária pode-se notar a influência de todos esses povos em nossa cultura, o mesmo não se dá com a música.
principalmente das três culturas formadoras: portugueses, nativos e africanos. Porém, se na culinária pode-se notar a influência de todos esses povos em nossa cultura, o mesmo não se dá com a música.
Logo que os missionários jesuítas iniciaram seus trabalhos de “educação” – de acordo com a cultura cristã – dos índios nativos, a música européia já passou a ser ensinada ao índio, junto com a religião católica e as técnicas de agricultura. O próprio padre Anchieta, o mais famoso padre jesuíta, foi criador de diversos “autos”, espécie de peças de teatro didáticas que ensinavam a religião católica aos índios através da música e da encenação, fazendo da catequese um espetáculo.
Para o indígena, a música é sempre associada ao universo transcendente e mágico, sendo muito empregada nos rituais religiosos. É uma das principais atividades sociais dessas sociedades. Apesar disso, a influência da música indígena é bem menor que a dos dois outros grupos que iniciaram a construção de nossa cultura.
Já o africano que chegou ao Brasil para trabalhar na plantação de cana-de-açúcar trouxe consigo uma bagagem musical muito variada. Isso porque, além da África ser um enorme continente e possuir diversas culturas diferentes que se fundiam e formavam constantemente novas “vertentes musicais”, a cultura européia já estava sendo difundida entre os negros escravizados, assim como a música árabe e a indiana. Sabe-se ao certo que o ritmo brasileiro, reconhecidamente o samba e o axé entre os mais difundidos, são de influência direta da cultura africana.
Os portugueses são mundialmente reconhecidos pela sua tradição folclórica, em grande medida assentada no Fado (estilo musical português geralmente cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra clássica – viola) e nos estilos musicais dele derivados.
Essas características (a viola e o folclore) estão presentes ainda hoje nas músicas típicas de nosso país.
Festas Religiosas
Essas manifestações culturais são comemorações de acontecimentos, personalidades, fatos ou mistérios que manifestam publicamente as convicções religiosas de um grupo social. Com a chegada do explorador português ainda na primeira metade do século XVI, a religião católica passou a ser a “fé oficial” dessas terras e por isso quase não se nota a presença de datas comemorativas religiosas oriundas das culturas indígenas e africanas.
Entre as principais festividades religiosas cristã, herdadas do europeu, destacam-se as de Corpus Christi, Dia de Finados, Natal, Páscoa, Quarta-Feira de Cinzas, Semana Santa e Sexta-Feira Santa.
Da cultura africana tem-se ainda com certo grau de popularidade, embora geograficamente isolada em determinados locais, as comemorações de Águas de Oxalá, Festa de Iemanjá e a Festa do Senhor do Bonfim.
Por não ser uma cultura homogênea, cada tribo cultuava de maneira diferente suas entidades espirituais. Isso fez com que não houvesse a possibilidade de uma propagação em massa das comemorações religiosas nativas. Hoje, essas comemorações acontecem de maneira isolada em comunidades específica, não sendo de reconhecimento nacional.
Tanto a culinária quanto a música e as festividades religiosas de nosso país receberam e ainda recebem influência de diversas culturas diferentes. Nos últimos anos, com a comunicação avançado cada vez mais entre diferentes povos, essa influência fica cada vez mais nítida aos nossos sentidos. Mas é importante notar que a base de nossos aspectos definidores de cultura e arte ainda orbita entre as três culturas formadoras do povo de nosso país: o português, o africano e o indígena nativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário